(Des)conhecidos- Uma reflexão curta sobre as pessoas que (des)conhecemos
Conheci muitas pessoas ano passado... Se conhecer alguém significa decorar um nome e associá-lo à um rosto, eu conheci muitas pessoas... Mas se conhecer alguém significar saber as palavras que definem alguém muito mais do que o seu nome ou cada emoção escondida em seu rosto, posso dizer que não conheci ninguém... Me atrevo a dizer que conheci poucas pessoas durante a minha vida e poucas pessoas me conheceram também... Mas, por mais contraditório que seja, deixei de conhecer muitas pessoas durante minha vida...
Muitas vezes me vi questionando em quem acreditar, em quem confiar. É difícil saber quando você mesma já se enganou milhares e milhares de vezes. Já me questionei quanto eu realmente conheço as pessoas, quanto eu realmente me conheço. E nos dois casos, descobri que sou mais ignorante do que jamais imaginaria ser... Quantas mentiras já me foram contadas por pessoas tão verdadeiras? Quantas vezes me queimei de tanto colocar a minha mão no fogo?
Às vezes, incidentes me fazem questionar quem eu realmente conheço... E de repente percebo que nem sei definir o que é conhecer alguém... É saber a sua cor favorita? É ver os olhos da pessoa brilharem ao falar de algo que gosta? É ver suas lágrimas escorrerem sem nenhuma inibição na sua frente? É descobrir as suas semelhanças? É encarar as suas diferenças? É ouvir verdades dolorosas? É detectar mentiras bonitas? É tudo ao mesmo tempo? Realmente não sei dizer...
Talvez eu tenha medo de realmente conhecer alguém e mais ainda de deixar alguém me conhecer. Porque assim como quase tudo na vida, se assemelha a jogar sem conhecer as regras. E nesse jogo confuso, você conhece estranhos e deixa de conhecer conhecidos. Você conhece alguém em poucos minutos e nunca chega a conhecer alguém em anos... Talvez ninguém nunca tenha chegado a conhecer totalmente alguém, nem mesmo a si mesmos... Pois o ser humano sempre surpreende, segue por um caminho só para desviar da rota de repente. Temos máscaras tão bem costuradas, que enganamos até para o nosso próprio reflexo.
No fim das contas, não sei dizer se conheci alguém ano passado, nem mesmo se cheguei a conhecer alguém durante esta vida, mas tudo bem, continuarei jogando este jogo sem regras até o fim...